Um desses encantos que acontecem pela nossa percepção – e tão somente por ela – é oriundo de fatos corriqueiros. Podemos até achar, numa primeira observação, que é apenas uma situação sem graça. Mas, numa agência bancária, a fila de espera para atendimento nos reserva algo. Vamos observar. A agência fecharia às treze horas.
De onde estava, segui apressado para conseguir entrar a tempo. Lá chegando, lembrei-me de uma fotografia aérea do Rio Ribeira de Iguape. No pequeno posto de agência do Banco do Brasil, junto ao prédio da Prefeitura, a fila serpenteava e pareceu-me exatamente o desenho que faz o Rio no município de Iguape.
Logo atrás donde eu estava, um senhor juntou-se à fila e ele estava ligeiramente embriagado, exalando seu vapor etílico. O cheiro ruim trouxe-me à memória a poluição do Rio. Quisera não me preocupar, mas nosso Rio está a cada dia mais poluído.
As horas passaram das treze e as portas não foram fechadas. Ontem não pude entrar por poucos minutos e hoje... Nada como um dia após o outro! Quando a pequena porta foi fechada, aumentaram as curvas da aglomeração. De repente, surgiram lembranças de quando fecharam o Valo Grande e as águas do Ribeira espraiaram-se em razão do assoreamento do seu curso natural.
O Ribeira é um rio federal, tem sua nascente no estado do Paraná e recebe diversos afluentes até chegar ao nosso município. Forma uma das maiores bacias hidrográficas do sudeste deste país e possui imenso potencial para fornecimento de água potável.
P.S. Passado alguns meses desta crônica, a agência do BB mudou para um endereço muito mais adequado e digno da nossa população.