389 Distância segura

De momentos a pensar e ao pesar
se iniciados e conclusos eis os feitos 
em amores findos ou desamores
nas lacunas surgidas do questionar

Ao cotidiano revisto em peças e cores
memórias revisitadas não requeridas
o olhar fixado em fatos corriqueiros

Dentro dessas ausências e cicatrizes
das simples banalidades...
em superfície.

Das vezes em que não lhe deu atenção
quando desejava tão somente ser ouvido
e outras quaisquer nuances e situações
Tentado estaria a dizer que não é linda
contrariando o constante apreciar
em profundidade.

A ver luz nos olhos castanhos esverdeados
mal configurados refletiam a personalidade
o mudar de cor conforme chega a claridade
Dar sentido e perceber pura "camaleonice"
em se ajustar conforme for conveniente
imagens e personagens lá reproduzidas.

Assim segue ela em plágio aos atos e falas
ouvindo terceiros ao invés de perguntar
ao sujeito do fato e do ato já feito culpado

Discursos ouviu em narrativas distorcidas
de pessoas que escolhem assim proceder
e atenta às puras improdutivas fofocas
Relido por outro e interpretado a chegar
em falas simples narrativas tendenciosas
inquiridas e recepcionadas de terceiros
relevando o verdadeiro ato de conversar
que pressupõe ouvir antes de falar

De modo a notar aspectos "não-tão-lindos"
ainda que tudo nela seja perfeição amada
E mesmo se olhado foi em prévia censura
Contudo logo se deixar nela vai o pensar

Se faz da boa ausência fiel companheira
lembrará do olhar que viabiliza ao sono
Ao descansar se vai ou escolhe a vigília
Insone se manterá em insana saudade.

Ao puro sentir que pode fazer prisioneiro
mas que enfraquece ao se estar consciente

Observar que 'nem tudo ali são flores'
Desvanece em meio ao frequente refletir
E ao notar nela a falta de personalidade
Ou conseguir dela simples originalidade

Ignoram-se em qualquer sentido
restando-lhes ir ao caminho
em saudável e saudosa
distância segura