Ct 013 - Do Porco Espinho para Flor

Olá, Flor!
Tudo bom?
Há poucos dias nos vemos, mas a saudade já brotou no coração. Por isso resolvi te escrever.
Esses dias estamos sem sair de casa, o tal Coronavirus está por aí e pode contaminar. Como sabe, temos de sair só quando necessário, usar máscaras e nos manter distante dos outros.
Até de você, o que é muito triste. Esse negócio de manter o protocolo é coisa séria, ainda que eu não resista e queira te dar um abraço.
Uma coisa curiosa é que...
Quase sempre as flores tem espinhos, mas acho que eu os tenho e não você, apesar de ser uma flor e estar sempre embelezando onde está.
Sou de convivência difícil... Estou até mesmo lendo um livro que fala disso. É uma fábula que conta da necessidade que um bando de porcos-espinhos de viver juntos, e bem pertinho uns dos outros para se manter vivos. Já pensou? Como eles podem estar juntos, se acabam se machucando um no espinho do outro? Quando eu acabar de ler, conto a história pra você.
Teus sorrisos,  Flor, sempre dão saudades. Da sua voz, quando empolgada, nem falo. Incomoda não ouví-la todo dia.
Às vezes, penso que deveríamos ter sempre lindos dias, para eu ver você alegre, sorridente e bem falante. Exala do teu perfume rara e sorridente beleza, suave em fragrância e perfeita nos sentidos.
Mas sem as chuvas, querida, e um friozinho de vez em quando, como você poderia desabrochar os teus sorrisos? Seria uma mesmice só, daquelas chatices. Tudo igual, dia após dia, sem nenhum desafio. Duvido que conseguisse sorrir.
Meus espinhos... estou tentando deixá-los menos pontudos. Deve ser triste pra Flor quando chego perto. Assim, quando nos vermos de novo, espero que sintamos a mesma alegria de sempre.

Com saudade
Porco Espinho