027 Chovendo uma chuva...

Da noite chuvosa,
amanheceu-se e se fez o dia,
compridamente feito da manhã.
Chove num dia todo,
destes miúdos chuviscos,
prolongada da manhã
pelo meio-do-dia-da-chuva;
Tarde segue como a manhã, escura e fria,
acordei cedo no meio
duma chuva-da-manhã na tarde.
E era brava, insistente. Vezes amansava...
Chuvisqueiro só.
Nubladinho, de fazer frio!

Onde estiveram tantas nuvens?
Já sei, estavam nascendo no mar!
Chegaram atrasadas e disso agora choram!
Ah! Não se preocupem, podem passar com vontade.
Não há problemas no seu horário.
Passem, passem, sigam rumo nordeste.
Lá tem carência de chuva, é sim, se tem muita.

A tal da seca lá castiga;
pr’aqui só precisamos de pouquinho,
assim só um tantinho de chuva.
Viu seu moço?
Sopre logo essas nuvens,
agora que se faça mais forte, seu vento.
Quê? Por causa de que não quer soprar?
Seus amigos ventos sempre vêm do mar se aquecer em terra...
Olhe, siga logo, teus iguais te esperam.
Assim, me sopra estas nuvens faz favor,
sopre um cadinho e leve embora esse chuvisco.

Êta dia molhado
que de esticado fica triste, tristonho,
de dormir mais que se deve...
Quando sol-se-fizer,
clareando mesmo que seja o fim-do-dia,
já de poente perto,
vou me alegrar junto com ele.
Não vou reclamar, não.

Fim-de-tarde, sê claro e seco;
se parar o chover, ando por aí:
a espiar vento, sol, nuvens e...
Chuva! De novo!

Vou... Assim: andar de pé-na-chuva e alma-n'água.
Talvez essa chuva,
agora forte e incansável,
possa lavar os meus inteiros pensamentos;
uma a uma, gota a gota, idéias todas limpas.
Me ajudaria, seja um pouquinho que só, a esquecê-la;
Pra algo de bom, assim,
de bem-fazer-me-bem,
esta água toda será grande prestativa.

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