Desconheço a ti e já desconheço-me
Mas vejo que devo passar pela ponte
e que esse caminho poderá nos afastar
Simples assim e desse sentir o amar
Nada resta além dessa eterna despedida
posto que o transitório será abandonado
e sabendo do destino correto a trilhar
Não há percursos esperados pela mente
ainda que desejemos dela ser senhores
e mesmo que haja consciente decisão
Mas se há algo concreto ao fim da ponte
Não seria a busca de si mesmo?
Não seria o autoconhecimento?
Não seria o natural caminho?
Despeço-me do sentir e da ilusão
Não devo ser a minha decepção
Menos ainda a tua desilusão.
Despeço-me e nada mais a mim
à mente que permanece inquieta
pois a ponte deve ser atravessada
é o caminho é o normal o enfim
Virás comigo?
O transitório ficará antes da ponte
Se abandonado for
Sê liberto e sejas livre no pensar
Buscas ao eterno?
Quer livrar-te do transitório?
Observe do outro lado da ponte
O caminho continua
Sigamos adiante!
Julio Silva - fev/11
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"Há um tempo...em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (Fernando Pessoa)