Cr 026 - E dá-lhe fogos!

Os foguetórios sucedem-se, a cada ‘inauguração’ de calçamentos ou de outra obra pública, como se não fosse obrigação do município executar o orçamento determinado pelas leis. É mera obrigação da prefeitura prover a pavimentação ou executar as obras pública previstas pelo orçamento. Não é favor algum usar do dinheiro dos impostos revertendo-o em obras públicas; e o contrário disso, não cumprir o orçamento, é ilegal.
Por vezes as ocasiões juntam-se; somam-se a esses eventos as festas religiosas e o fim de semana em Iguape é quase sempre agraciado com foguetórios. Com um ‘morteiro’ aqui e outro acolá, os ruídos estrondosos são capazes de acordar até os bugios mais além da cidade.



Tais barulhos destacam-se aos fins de semana, onde aparentemente alguns Iguapenses desterrados (in)voluntários encontram-se na cidade. Possíveis eleitores, creio. Afinal, mesmo que estejam vivendo em outras cidades, seus títulos de eleitor ainda estão, em sua maior parte, cadastrado em nossa zona (eleitoral). “Cidadania dupla”, penso eu, e justifica-se; prover o sustento de si mesmo, da família e custear uma faculdade ou escola para os filhos, é deveras dificultoso por aqui, considerando a ausência de empregos.
O desemprego só não é visível entre os familiares dos titulares de cargo público eletivo da Câmara e da Prefeitura em nosso município. O Jornal Regional noticiou a respeito das ações do Ministério Público, em vários municípios pelo Vale do Ribeira, em combate à nefasta figura do Nepotismo. Espero que o Ministério Público aqui em nossa cidade possa agir da mesma maneira. Ontem escrevi sobre o tema em vários aspectos. Tal prática não permite o acesso de pessoas qualificadas ao serviço público. 
O resultado final é uma administração pública de baixa qualidade. As pessoas se ressentirão no cotidiano pelos péssimos serviços prestados. Além desse aspecto, quando o Nepotismo está em prática, é comum a ‘ingerência’ nos negócios particulares.
As maioria das empresas têm como principal cliente a Prefeitura; não raro sofrem pressões quanto a quem contratar para trabalhar. Não lhes é permitido manter em seus quadros pessoas que não sejam favoráveis ao prefeito. Listas com os nomes (dos que serão lá empregados) são elaboradas logo após a ‘concorrência’ e somente a esses o emprego é concedido. Esse outro aspecto, relativo à ingerência dos negócios privados, se não é ilegal é imoral, apesar de sê-lo comum nas terras onde o Coronelismo ainda é uma prática social. 
Nesses locais ser ‘do contra’, equivale também a ser também ‘excluído’ das oportunidades de trabalho no setor privado ou, ainda pior, sofrer pressões para sair (in)voluntariamente do serviço público, mesmo que concursado seja.
Uma sociedade que não permite opiniões divergentes à política vigente, validando assim o descalabro de uma administração municipal medíocre, não estará criando boas causas para o futuro. Aliás, para que haja diálogo, é preciso que as opiniões sejam, ao menos um pouco, divergentes.
Se concordarmos em tudo, de forma declarada ou tacitamente, no que poderemos melhorar e solucionar os problemas?
Ao ‘expulsar’ as pessoas pela ausência de emprego e de instituições de ensino técnico e superior, a cidade transfere para outros locais jovens valorosos que poderiam decidir um futuro melhor aqui mesmo, para eles próprios e para o restante das pessoas.
A ‘boca pequena’ correm notícias de que o orçamento do município é pequeno e não permite pagar ao funcionalismo comum melhores salários. A ‘corte, é claro, não tem do que reclamar. Os salários do ‘primeiro escalão’ são dignos de municípios onde a arrecadação é muitas vezes maior. Talvez, a guisa de ‘agradar ao rebanho’ num ano de eleições, haja algum aumento salarial para os demais. Tirando da conta a ‘corte’, a média salarial é de pouco mais de um salário mínimo.

Seriam lançados nas despesas da Prefeitura os custos dos foguetórios nas inaugurações? Isso equivaleria a queimar dinheiro público… dos nossos impostos! O meu e o seu dinheiro do IPTU estaria explodindo pelo ar, além de custear os polpudos salários da ‘corte’?

Quando chega a data do meu aniversário eu fico feliz. Olho para trás e imagino para onde seguir, em busca dos objetivos. Penso que é um recomeço, uma nova partida. Qualquer dia serviria para tal, na verdade. Porém, a mística que envolve a data facilita. Ao comemorarmos os 469 anos da nossa linda Iguape, o momento é adequado para uma reflexão. Seria de bom termo empenharmos para limpar a casa... Essa velha senhora, aos 469 anos, merece mais respeito!